Histórico

“A comunidade de Tunas, do município de Itapiranga, tinha sido elevada à categoria de Distrito, através da Lei nº 02 de 11 de fevereiro de 1961. Em maio de 1987, após manter contato com diversas lideranças do Distrito, resolvemos fazer uma reunião com as lideranças para discutirmos a possibilidade de emancipar, ou não, a comunidade Tunas de Itapiranga, em sua área geográfica pertencente ao mesmo Distrito.

Após uma longa discussão entre os convidados, analisando profundamente e com ampla visão os prós e os contras, vimos que era extremamente importante a emancipação de Tunas, pelo movimento econômico gerado no auge da produção do ciclo da madeira da indústria e do Comércio, pelo potencial agrícola bem diversificado, pela aproximação do Poder Público ao povo, pelas escolas, enfim, pela estrutura já existente.

Foi unânime a aprovação da nossa ideia. Promoveu-se então, uma assembléia geral onde foram convidadas todas as pessoas interessadas neste assunto e, enquanto aguardávamos a reunião, buscávamos sempre mais argumentos importantes para apresentar à população. No dia da assembléia ficamos comovidos e surpresos com a quantidade de pessoas vindas do interior e da cidade para nos apoiar, para que tudo desse certo. Após colocarmos as justificativas à população presente, colocamos em votação por aclamação, sendo aprovado por unanimidade.

Constituiu-se naquele momento uma diretoria, na qual fui eleito presidente, com mais líderes representantes da indústria e comércio local. Estando a diretoria constituída e autorizada a trabalhar em prol da emancipação do Distrito de Tunas, arregaçamos as mangas e fomos à luta.

Inicialmente mantivemos contato com o Deputado Estadual da época, Dércio Knapp, que nos acompanhou em todo o processo, do início até o fim, solicitando e fornecendo informações. Solicitamos dele a cópia da Lei que redigia os requisitos necessários que deveriam ser preenchidos com provas documentais para efetivamente emancipar o Distrito, ou seja, elevar à categoria de município.

Com posse destes documentos, a diretoria, juntamente com a comunidade, não mediu esforços para alcançar o objetivo principal. Sabendo dos obstáculos que nos esperavam pela frente, montamos todo o processo, juntamos toda a documentação necessária e, inclusive, um abaixo assinado com os moradores da sede e do interior, com endereço, CPF e Título Eleitoral. Fizemos a entrega oficial no mês de julho de 1987 ao presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina, Deputado Estadual Juarez Furtado, acompanhados de diversos membros da comissão.

A partir daquela data e após a divulgação da nossa intenção, começamos a sentir barreiras políticas, principalmente pelo Prefeito de Itapiranga da época, que se manifestava categoricamente contra ao município de Tunas.

Na Alesc, após estar marcada a sessão de julgamento pelos deputados para autorização e realização da consulta plebiscitária, começou o trabalho de corpo a corpo com os Deputados Estaduais, sendo a maioria do PMDB, onde o Prefeito de Itapiranga da época visitou todos os gabinetes solicitando que votassem contra a emancipação, alegando que o distrito não tinha condições para tanto e que não preenchia os requisitos necessários exigidos por lei para a emancipação. Fui lá e falava exatamente o contrário, provando que Tunas tinha condições de andar com as próprias pernas e que preenchia todas as exigências por lei para emancipar, a prova de tudo isto era porque a Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia já havia aprovado, com parecer favorável, a nossa emancipação.

Houve então a aprovação para a realização da consulta plebiscitária, autorizada pela Alesc, na presença de aproximadamente 200 pessoas de Tunas, com faixas e cartazes solicitando apoio da casa legislativa. Vencemos numa disputa acirrada, de tal forma que alguns deputados do PMDB também votaram com os demais a favor da emancipação de Tunas.

Estando aprovada a autorização para a consulta plebiscitária, de imediato mantivemos contato com o Tribunal Regional para marcarmos a data do plebiscito, que foi marcada para outubro de 1987. Logo iniciamos a campanha pela emancipação em todas as comunidades do interior e também na sede, conscientizando a população a votarem pelo sim, para a nossa surpresa, quando estávamos fazendo o último comício na Comunidade de São Pedro, na presença de mais de mil pessoas, compareceu o Oficial de Justiça, comunicando de que um mandado de segurança, impetrado pelo Prefeito de Itapiranga e com assinatura de três eleitores de Tunas, cancelava e colocava por terra tudo o que havia sido feito.

Faltavam três dias para o plebiscito. Solicitamos, então, muita calma para a população presente e disse que este obstáculo seria superado. Respeitando a justiça mas discordando com a decisão, reiniciamos tudo novamente acompanhados pelo Dr. Antônio Pichetti, advogado muito bem conceituado de São Miguel do Oeste, que estava inclusive em São Pedro naquela noite e em todas as outras comunidades.

Voltamos para nossos lares assustados, mas não desistimos, continuamos a nossa luta com o advogado, que trabalhou sem custos para nós e, com sua competência e qualidade de trabalho, derrubou a liminar da justiça estadual e conseguimos marcar outro plebiscito um ano mais tarde. Em 1988 aconteceu a votação e o ‘SIM’ venceu com uma grande vantagem sobre o ‘NÃO’. Foi encaminhado este resultado para a Assembléia Legislativa onde, então, se criou oficialmente o município de Tunas, no dia 26 de abril de 1989, pela Lei Estadual nº 7.583.

Após concluído este trabalho, ainda tivemos que mudar o nome do município, pois havia emancipado um outro distrito com o mesmo nome de Soledade/RS. Foi feita uma nova consulta para sugestão de outros nomes para o município. Entre vários nomes sugeridos, foram postos em votação os seguintes: Tunápolis, Nova Tunas, Itunas e Tritunas. Venceu o nome Tunápolis, assim, comunicamos novamente a Assembléia sobre o resultado, que fizeram o Projeto de Lei nº 94/89, que alterava a Lei nº 7.583. Dizia em seu Artigo 1º: O município de Tunas, criado pela lei nº 7.583, de 26 de abril de 1989, passa a denominar-se Tunápolis, publicado no Diário da Assembléia Estadual sob o nº 3.261.

A partir disto, o Tribunal Regional Eleitoral do Estado marcou a primeira eleição municipal de Tunápolis para mês de outubro de 1989. Houve três candidatos à prefeito: Bertilo Wiggers, Mário Becker e Breno Loebens.

Assumi no dia primeiro de janeiro de 1990, quando instalou-se oficialmente o Município de Tunápolis, onde iniciamos outra história muito importante deste município”.

 

BERTILO WIGGERS (em memória)